South America

Detalhes do acordo curdos-russos-sírios

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14/10/2019, Elijah J Magnier Blog [tradução corrigida, com quadro explicativo]

Na Síria: um conto-do-vigário de duas guerras por procuração
17/10/2019, Patrick Henningsen, 21Wire TV
EUA     → →→→ (ing. FDS)
‘FORÇAS DEMOCRÁTICAS SÍRIAS’

YPG
/PKK (partidos curdos)
‘terroristas’
Ex-ISIS
  APOIADOS PELOS EUA
 

TURQUIA     → →→→

(ing. FSA)
‘EXÉRCITO SÍRIO LIVRE’
Jihadistas
terroristas
    APOIADOS PELOS EUA
6ª-feira passada, um foguete de 155 mm caiu a 300 metros  de um posto de comando dos EUA perto da cidade síria de fronteira de Ayn al-Arab (chamada pelos sírios curdos de Kobane) durante operação realizada pela Turquia – aliada da OTAN e dos EUA. A operação visava a desalojar, a uma distância de 30-35 km da fronteira, os militantes curdos apoiados pelos EUA conhecidos como YPG, o braço sírio do grupo declarado terrorista por EUA-UE-OTAN, Partido dos Trabalhadores do Curdistão (em curdo, PKK).

As tropas turcas, apoiada por procuração por sírios curdos avançaram rapidamente na primeira semana da operação militar em território sírio ocupado pelos EUA, cortando as principais estradas e tentando isolar o inimigo.

Esses dois rápidos eventos bastaram para disparar os sinais de alarme e levaram o governo dos EUA a declarar imediatamente, pelo secretário de Defesa Mark Esper, a retirada de aproximadamente 1.000 soldados dos EUA que permaneciam no nordeste da Síria. A morte de qualquer soldados dos EUA na Síria teria sido o derradeiro prego no caixão da campanha eleitoral do presidente Donald Trump dos EUA para 2020. França e Grã-Bretanha, que mantêm forças especiais no nordeste da Síria, logo seguirão as forças dos EUA que se retiram da Síria.

As forças sírias receberam ordens para se instalar no nordeste da Síria, depois de acordo firmado entre Rússia e Turquia, e entre a Rússia e funcionários sírios, para garantir a segurança dos sírios curdos separatistas.

O presidente Bashar al-Assad da Síria concordou com garantir a segurança dos curdos que se integrassem às Forças de Segurança Nacional. Os curdos, que não fizeram qualquer exigência, perderam o ímpeto depois da repentina retirada dos norte-americanos. Damasco prometeu que não haverá medidas de vingança ou de ressentimento contra curdos, os quais, durante anos, foram usados como escudos humanos pelos norte-americanos para proteger forças norte-americanas de ocupação que se mantinham na Síria mesmo depois de o ISIS ter sido derrotado.

O acordo russo-curdo consiste na instalação do exército sírio em todas as fronteiras com a Turquia e na devolução de todas as fontes de energia ao controle de forças do governo sírio. Essas fontes de energia são vitais para o governo sírio, que está sofrendo sob pesadas sanções de EUA-UE. Estavam bloqueadas todas as entregas de petróleo, exceto as entregas de petróleo cru iraniano, cujo supertanque conseguiu quebrar o cerco.

O acordo inicial entre curdos e Damasco (via Rússia) consiste em pôr fim ao autogoverno do nordeste da Síria, na integração dos curdos sírios sob comando do Exército Árabe Sírio; e na perseguição e destruição de todas e quaisquer forças do ISIS.

Espera-se que EUA também se retirem do posto de passagem de fronteira em al-Tanaf entre Iraque e Síria, tão logo se encontre uma solução para os 64 mil refugiados que vivem no campo Rukhba.

Já não há nenhuma motivação nem qualquer benefício dos que havia para que EUA mantivessem forças de ocupação na Síria: o “perigo iraniano” já não é item sobre a mesa depois da reabertura do posto de passagem de fronteira em al-Qaem. Assim sendo, manter forças norte-americanas dos EUA em fronteiras onde já não há forças “adversas” só custará ainda mais dinheiro a Trump, além de riscos já desnecessários.

Claramente, o motivo para manter forças dos EUA na Síria até que seja aprovada uma nova Constituição já nem interessa nem preocupa os EUA. Trump está deixando esse problema para ser resolvido por Rússia e Turquia (com o apoio do Irã!) com o presidente Assad.

Não faz sentido algum impor novas sanções à Síria, nem há qualquer justificativa racional para impedir que os árabes se reaproximem uns dos outros. Todos os países árabes – com a única exceção do Qatar – já manifestaram solidariedade ao presidente Assad e condenaram a invasão turca. A volta dos árabes formará base robusta sobre a qual reconstruir a Síria. 

O mercado sírio atrai todos os países árabes, e esse contato comercial trará de volta ao Levante a influência árabe. O presidente Assad não se incomoda com virar as páginas da guerra e poder iniciar novo e positivo relacionamento com países do Oriente Médio, e permitirá que todos tenham alguma influência, como já acontecia antes de 2011.

Sanções contra o Irã perderam o significado e qualquer objetivo, com al-Tanaf retomando a atividade com al-Qaem. Produtos do Irã chegarão ao mercado sírio, e vice-versa. A estrada Teerã-Bagdá-Damasco-Líbano deve em breve recuperar o potencial e seu pleno significado.
Documento (Imagem)
1– As FDS (“Forças Democráticas Sírias”) concordam com o deslocamento do Exército Árabe Sírio para todas as áreas do leste a partir de Ain Dewar, até Jarablus no norte.

2 – O Exército Árabe Sírio deslocar-se-á de e ao longo de três eixos:
a) Tabqa no norte ao longo de Ain Issa & arredores até Tal Abyad ao longo das fronteiras sírio-turcas em direção oeste.
b) Manbij em direção a Ain Árabe ao logno da fronteira sírio-turca até Tal Abyad norte e em direção oeste.
c) Hassaka – Tal Tamer até Ras el-Ain e Leste, dali até Qamishly, Malikiya rumo sul.

3 – O Exército Árabe Sírio será disposto em todo o oeste e leste do Eufrates, em coordenação com o governo curdo. Ras el-Ayn e Tel Abyad permanecem como “zona de combate”.

4 – A integridade e a unidade do território sírio devem ser preservadas. Todas as forças operarão sob a bandeira do Exército Árabe Sírio.

O acordo entre as duas partes garante o direito de deslocamento do Exército Árabe Sírio em toda as áreas leste e norte do rio Furat e em coordenação com conselhos locais.

As áreas sitiadas entre Ras el Ain e Tal Abyad continuarão como zona militar até a libertação.

As FDS (“Forças Democráticas Sírias”) também garantem a prontidão para proteger e salvaguardar a unidade da Síria e o território sírio sob a bandeira nacional e a autoridade do presidente da Síria, para defender e apoiar o Exército Árabe Sírio na confrontação contra as ameaças turcas contra o território sírio.

Assinam dois comandantes das FDS (“Forças Democráticas Sírias”) (Siban…. Abdi…)
Trump anunciou a própria retirada sem informar aos aliados. A parceria EUA-UE em solo estilhaçou-se. A credibilidade dos EUA está no ponto mais baixo, depois da atitude que o país tomou em relação aos curdos, que defenderam os soldados de Trump em troca de um estado, “Rojava”.

As sanções dos EUA contra a Turquia eram só palavras, sem qualquer base. Trump ameaçou impor sanções à Turquia se cruzasse a linha vermelha, além de 35 km. Dois dias depois, anunciou retirada total.

Os esforços da elite dos EUA de demonizar a Rússia fracassaram completamente. Moscou é hoje salvadora dos curdos traídos pelos EUA. Os apoiadores dos curdos apoiavam fanaticamente os curdos e diziam evitar que fossem exterminados pelos turcos. Agora já não podem erguer nem a voz nem as armas contra a Rússia. E eis que chega a Rússia, ao lado de Assad, agora, para salvar os curdos.

O Kremlin ganha cada vez mais terreno no Oriente Médio, aperfeiçoando a própria diplomacia numa área do mundo muito complicada: os EUA estão fugindo de lá, às pressas. Moscou acolheu esses mesmos curdos que escolheram, durante anos, agarrar-se aos EUA.

O presidente Putin soube, com muita habilidade construir uma boa relação com o Irã e com a Arábia Saudita, com Assad, com Israel, com o Hezbollah e com os rebeldes sírios; até com a Turquia.

Hoje há na Síria muitos vitoriosos, dentre os quais também Trump – que está evitando mais mortes (como prometeu que faria, na campanha eleitoral). Os curdos são os únicos que realmente perderam: 11 mil curdos mortos em nome de um estado apenas sonhado. 

Depois de terem errado gravemente ao apostar no cavalo norte-americano, mesmo os curdos, afinal, estão também poupando vidas, trocando de aliados.*******AntwortenAllen antwortenWeiterleiten

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