South America

Posição do “Eixo da Resistência” é melhor hoje, que antes

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O Mártir Qassem Soleimani já avançou além do muito que fez o Comandante Major-general

15/2/2020, Elijah J Magnier Blog

Há mais de 40 dias, os EUA assassinaram, com um drone, o comandante major-general Qassem Soleimani, líder da Brigada Quds do Corpo de Guardas da Revolução Iraniana [ing. Iranian Revolutionary Guard Corps (IRGC)] e líder do “Eixo da Resistência”. Foi assassinado depois da meia-noite no aeroporto de Bagdá, entre os dias 2-3 de janeiro passado, com as autoridades que o acompanhavam. O “Eixo da Resistência” resultou enfraquecido, depois desse assassinato? O que conseguiram, desde então, os países que constituem esse eixo?

No front sírio, em avanço muito importante, o Exército Árabe Sírio (EAS), seus aliados da brigada Zoul-fi-Qar e outros parceiros liberaram os 432km da rodovia Damasco-Alepo, primeira vez desde que a estrada foi bloqueada por terroristas em 2012. O EAS ampliou o perímetro de segurança do flanco ocidental do país. As cidades estratégicas de Saraqeb, Rashedeen, Khan al-Asal foram liberadas, bem como a colina El-Eiss, locação que o major-general Soleimani sempre quis libertar. O Hezbollah enterrou 23 mártires naquela colina; agora o Partido de Deus trabalha para recuperar os corpos e levá-los de volta para casa.

Com o comando russo, o “Eixo da Resistência” mantém uma sala de guerra em Aleppo, que opera em coordenação com outras, em Damasco e Hmaymeem. Essas salas comandam o avanço da batalha contra terroristas e oferecem o necessário apoio aéreo e de inteligência. O Exército Árabe Sírio conseguiu criar o vasto perímetro de segurança ao longo da Rodovia M5 (Damasco-Aleppo) que a Turquia prometera criar em outubro de 2018 (mas não cumpriu a promessa). Esse avanço indica trilha estratégica bem clara que se orienta por objetivos, não por um ou outro líder determinado.

O objetivo na Síria, membro essencial do “Eixo da Resistência”, é liberar todo o país, e nada muda se um ou outro comandante for morto na campanha. Muitos importantes generais sírios foram mortos nesses nove anos de guerra, e a Síria prossegue no caminho de se libertar.

Irã e Rússia estão conversando com a Turquia, com vistas a preservar um diálogo com a Síria, sejam quais forem as consequências da batalha em curso. O assassinato do major-general Soleimani não altera esses objetivos.

No Iraque, o major-general Soleimani nunca nem sonhou com a decisão política de exigir que as forças militares estrangeiras, EUA e as demais, saiam do país. É decisão muito significativa, tomada agora pelo Iraque, que transforma oficialmente o status legal das forças militares dos EUA, em força de ocupação, dado que a agenda e os procedimentos acordados para a retirada não estão sendo respeitados.

O Iraque tem de manter no país um pequeno número de soldados da OTAN, para treinamento e fornecimento de peças de reposição, uma vez que o Iraque comprou muitas armas de países da OTAN. Mas o governo em Bagdá já não pode dar qualquer garantia de segurança a esses soldados e oficiais da OTAN, dado o ódio que os EUA atraíram sobre os próprios soldados, depois do assassinato do comandante iraquiano Abu Mahdi al-Muhandes, muito conhecido e respeitado no país, morto na mesma operação ilegal no aeroporto de Bagdá na qual morreu o major-general Soleimani. O recém eleito primeiro-ministro deve formar um governo, que terá, como item 1 de sua agenda política, coordenar e completar a retirada de todas as forças dos EUA.

Ainda mais importante que isso, talvez, e como jamais se viu na história do Iraque desde a ocupação do país pelos EUA em 2003, toda a resistência iraquiana está unida, hoje, sob um único líder. A convocação feita por Moqtada al-Sadr, de que o povo fosse às ruas protestar contra os EUA deu-lhe grande popularidade. Todos os grupos, inobstante o desacordo inicial de Nuri al-Maliki e Said Ammar al-Hakim, já aceitaram o nome de Allawi, escolhido por al-Sadr, para o posto de primeiro-ministro.

Moqtada al-Sadr foi fonte de preocupação para o major-general Soleimani, que não aceitava que Moqtada vivesse pulando de galho em galho em matéria de posição política. Mais que isso, o líder sadrista opunha-se à ação do grupo Hashd al-Shaabi (mesmo tendo sua própria brigada, a Brigada 313), e falava de desarmar todos os grupos iraquianos ligados ao “Eixo da Resistência”. Hoje Moqtada trabalha lado a lado com todos esses grupos, objetivo que o major-general Soleimani não conseguiu alcançar.

No Líbano, já se formou novo governo, em torno de Hassan Diab, sem qualquer dos aliados ‘íntimos’ dos EUA no Líbano. O “Eixo da Resistência” conseguiu fazer avançar a formação do governo e apoiou Diab na solução de muitos problemas na sua trilha para constituir o atual governo. Diab aceitou sugestões do “Eixo da Resistência” na formação de seu governo, garantindo a legitimidade do Hezbollah para defender o país contra qualquer agressão estrangeira.

O Parlamento Libanês deu a Diab a confiança de que precisava para começar a governar. O “Eixo da Resistência” conseguiu impedir que se criasse um vácuo de poder, e que o caos se disseminasse no Líbano. Hoje, muitos países fazem contato com o primeiro-ministro para apoiá-lo em sua difícil tarefa de tirar o país da crise econômica mais crítica desde a independência em 1945. No Líbano hoje os militantes do Hezbollah continuam a receber salários integrais, em dólares norte-americanos, apesar da tal “máxima pressão” sobre o Irã e das duras sanções sobre o Hezbollah.

Na Palestina, a rua uniu-se contra o “acordo do século” trazido pelo governo dos EUA. Todos rejeitaram o acordo – inclusive o presidente Mahmoud Abbas – que pôs fim efetivo ao Acordo de Oslo e a todas as formas de cooperação de segurança com Israel e os EUA. Os palestinos em todos os campos da vida insistem em seu direito de retornar à própria terra e rejeitaram o “acordo’ que os distancia de todos os recursos de água potável, do acesso ao Mar Morto e a 30% da terra na Cisjordânia. Só muito raramente se viu unidade semelhante de todos os grupos palestinos contra uma causa.

No Afeganistão, os EUA reconheceram a atividade não usual dos Talibã desde o início do ano. O general Franck McKenzie, que comanda todas as forças dos EUA no Oriente Médio, reconheceu que “tem havido aumento na atividade iraniana no Afeganistão que implica risco para as tropas dos EUA e coalizão naquele ponto. Talvez o Irã esteja vendo uma oportunidade para sair à caça de nossas forças e de forças da coalizão, por aqui, servindo-se de grupos seus aliados e ‘representantes’ locais”. McKenzie observa “procupante inclinação a favor da interferência maligna do Irã”. Os Talibã derrubaram um avião dos EUA usado pela CIA. O Pentágono reconhece a morte de dois oficiais a bordo, mas nada informa além disso.

No Iêmen, o porta-voz das forças armadas iemenitas, general Yahya Saree, revelou detalhes da operação da coalizão Bunyan al-Marsous (BaM)” [A estrutura sólida], na qual se reúnem principalmente grupos de combatentes islâmicos, a maioria dos quais originais de Misrata. Essa operação foi descrita como a mais ousada operação contra a coalizão liderada pelos sauditas, entre Naham e Ma’reb no Iêmen. O general Saree informou que foram atacadas 17 brigadas, e que forças iemenitas passaram a controlar uma vasta área na província. Mais que isso, o Iêmen está desenvolvendo mais do que nunca suas capacidades militares, e atingiu território profundo da Arábia Saudita, onde há importantes recursos de petróleo.

O caminho do “Eixo da Resistência” parece agora aberto e sem possibilidade de voltar a ser fechado, mesmo depois do assassinato do major-general Soleimani. O nascimento de uma nova resistência no nordeste da Síria, na província al Hasaka, indica uma nova abordagem espontânea, sobre a qual o “Eixo da Resistência” pode avançar consideravelmente. O terreno fértil na vila síria de Khirbet Ammo fez brotar uma nova onda de resistência em outras comunidades, contra as forças norte-americanas de ocupação e seu objetivo de roubar petróleo sírio, como o presidente Donald Trump arrogante e tolamente declarou recentemente que faria. Cidadãos desarmados mobilizaram-se contra um comboio de blindados norte-americanos armados, gritando-lhes que fossem e nunca mais voltassem. Essa mentalidade e o mesmo objetivo foram ativamente cultivados e ensinados ao longo de todos esses anos e agora se tornaram fortemente integrados entre todas as populações solidárias ao “Eixo da Resistência”.

Todos esses eventos mostram que todos os líderes são irrelevantes, se individualmente considerados; todos os grandes líderes sabem que mais dia menos dia morrerão em combate. O Mártir Qassem Soleimani já avançou além do muito que o comandante major-general conquistou.*******

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