South America

Tarefas urgentes do Partido Comunista da China (PCC) nos fronts organizacional e ideológico

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12/10/1983, Deng Xiaoping, Selected Works of Deng Xiaoping, Volume III (1982-1992), à 2ª Sessão Plenária do 12º Comitê Central do Partido Comunista da China, in China Daily (aqui traduzido).

Da série: “De 1978 a 2020: Brasil e China”.
 Nesse período, o Brasil foi de generais ditadores golpistas corruptos a generais ditadores golpistas ainda mais corruptos e já totalmente analfabetos ou tarados ou ambos. Fomos também de desigualdade social com miséria abjeta e elites burras, a mais desigualdade social com mais miséria mais abjeta e elites mais burras e já agora completamente estelionatárias à moda Guedes.

No mesmo período, a China foi de Deng Xiaoping a Xi Jinping, e de país de camponeses miseráveis a maior economia do mundo e uma das três grandes potência planetárias militares e principal potência civilizatória. Tá na cara que alguma coisa os chineses fizeram MUITO MAIS BEM FEITO que os brasileiros da UDN, do PSDB e do PT – porque esses grupos governaram o Brasil no período que, na China, foi de Deng Xiaoping a Xi Jinping.
Então, é indispensável estudar China, China, China e mais China.
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A grande questão posta diante dessa sessão plenária do Comitê Central é que se corrijam rumos das organizações do Partido. A decisão do Comitê Central foi adotada depois de deliberação por todos os presentes. É decisão excelente, e concordo integralmente com ela. Depois da sessão discutiremos a liderança do Partido no front ideológico. Agora porém gostaria de esclarecer os seguintes dois pontos: (1) o movimento de retificação não deve ser conduzido de modo superficial; e (2) os quadros que trabalhem no campo ideológico não devem disseminar poluição mental.

Comecemos pelo primeiro ponto: o movimento de retificação não deve ser conduzido de modo superficial.

Desde a 3ª Sessão Plenária do 11º Comitê Central, nosso Partido restabeleceu linhas ideológicas, políticas e organizacionais marxistas, e formulou políticas corretas, adequadas às condições atuais. Assim se alcançaram excelentes resultados, novas possibilidades abriram-se em todos os campos de trabalho, e as massas apoiaram a linha e a liderança de nosso Partido. Ao longo do processo dessa mudança histórica, membros do Partido repetidas vezes enfrentaram e superaram o teste de grandes lutas, e muitos deles provaram ser gente série, capaz, sempre cheios de recursos e prontos para lutar.

No entanto, não estamos de modo algum satisfeitos com a situação atual do Partido. Há ainda alguns problemas graves que não tivemos tempo de analisar e resolver. Algumas coisas negativas ficaram dos dez anos de caos interno; e outras surgiram e cresceram sob as novas condições históricas.

A decisão sobre retificar enumera “três tipos de pessoas”. Também menciona pessoas que cometeram crimes econômicos graves ou outros crimes, aqueles que abusaram do poder para proveito privado, aqueles que prejudicaram seriamente as relações do Partido com as massas, aqueles que estiveram sempre em desacordo político com o Partido e que apenas fingiram estar de acordo com ele, e assim por diante. Todas estas pessoas são elementos perigosos e corruptos, representando graves defeitos na ideologia, estilo de trabalho e organização do Partido.

Os mais perigosos são os três primeiros tipos. Alguns deles foram identificados e tratados, e outros corrigiram a sua ideologia e conduta. Mas um certo número de pessoas simplesmente se deixaram ficar em escalões inferiores no Partido sem nunca renunciarem à posição anterior. São extremamente perigosos por várias razões.

Primeiro, se agarram à velha mentalidade facciosa e são politicamente subversivos, agitando o Partido.

Em segundo lugar, são astutos e enganadores; quando os tempos estão contra eles, escondem as suas ideias para conquistar a confiança de outras pessoas; depois, quando a situação muda a favor deles, surgem para agitar os problemas e atiçar as brasas da agitação.

Em terceiro lugar, mudaram-se para diferentes partes do país e esconderam-se lá fora, mantendo ainda os seus laços clandestinos de facção.

E, em quarto lugar, são relativamente jovens e bem educados. Após a sua queda, algumas dessas pessoas ameaçaram acertar contas dez ou vinte anos mais tarde.

Em suma, são uma força política com ambição inescrupulosa e não devem, em caso algum, ser tidos como elementos ‘leves’. São bombas-relógio ambulantes e, a menos que sejam detectadas e desativadas durante o movimento de retificação, elas nos destruirão.

Deve-se dizer que os outros tipos de pessoas enumeradas são também perigosos e serão nossa ruína se não os tratarmos agora.

Muitos dos nossos veteranos membros do Partido estão profundamente preocupados com essa situação, e outras pessoas, tanto dentro como fora do Partido, estão igualmente preocupadas e indignadas com ela. Todos os nossos membros e o povo de todas as nossas nacionalidades são a favor da decisão tomada pelo 12º Congresso de levar a cabo uma retificação em todo o Partido, e esperam muito do movimento. O nosso Partido deve, pois, manter-se determinado a levá-la a cabo de forma minuciosa e conscienciosa. Temos de zelar pela resolução destes graves problemas, sem nos limitar a analisar moções. Não podemos decepcionar os nossos camaradas do Partido e todo o povo.

Foi absolutamente correto fazermos todo o possível para corrigir os erros de esquerdismo cometidos durante a “Revolução Cultural” e durante as anteriores campanhas políticas e lutas ideológicas. Nunca permitiremos que tais erros se repitam. No entanto, muitos camaradas fizeram apenas uma análise unilateral das lições históricas. Consideram erro esquerdista qualquer menção à luta ideológica ou a medidas severas a tomar contra as pessoas; e só estão interessados em combater os erros “da Esquerda”, não os erros de Direita. Isto conduz ao outro extremo, à fraqueza e ao laxismo.

Ao travar uma luta ideológica contra tendências negativas, pessoas e atos e ao cumprir sanções organizacionais, as pessoas do Partido tenderam, nos últimos anos, a ser tolerantes demais, hesitantes e dispostas a encobrir coisas, para evitar problemas. Consequentemente, a disciplina partidária tem sido laxista, e algumas pessoas más têm sido protegidas.

Não há muito tempo, foram envidados esforços concentrados em todo o país para reprimir rapidamente os crimes graves e para lidar com os infratores de forma severa, em conformidade com a lei. O povo ficou satisfeito com isso e deu o seu caloroso apoio. Tinham receado que, se os criminosos fossem tratados com clemência e libertados como tigres enviados de volta para as montanhas, pudessem voltar a vingar-se. O povo queixou-se de que devíamos ter agido mais cedo e criticou-nos por termos esperado tanto tempo. Deveríamos estar muito atentos a esta reação. Há dois anos, chamei a atenção para o fato de muitos líderes em vários níveis serem fracos e condescendentes, como ficou demonstrado pela suavidade ao lidar com pessoas culpadas de crimes graves. Deveriam extrair uma lição dessa reação de parte do povo e superar resolutamente a própria fraqueza e o próprio laxismo.

Durante o movimento de retificação, devem ser tomadas medidas disciplinares firmes contra os três tipos de pessoas mencionadas anteriormente e contra aqueles que cometeram erros graves e causaram grandes danos. Algumas delas devem ser expulsas do Partido, outras devem ser destituídas do cargo ou sujeitas a outras sanções, conforme o caso, e as pessoas que cometeram crimes devem ser tratadas de acordo com a lei.

As pessoas que cometeram erros menos graves deveriam ser severamente criticadas e deveriam, elas próprias, fazer autocríticas verdadeiras, não autocrítica superficial, e comprometer-se a corrigir as próprias falhas. Essa será uma das manifestações mais importantes de que a retificação não estará sendo conduzida de forma superficial leviana.

Em suma, temos de fazer do atual movimento de retificação um êxito, para que o nosso Partido se torne Partido marxista militante, poderosa força central que lidera o povo de todo o país nos seus esforços para construir uma sociedade socialista que seja avançada material e eticamente. Com a firme determinação dos nossos membros, conseguiremos certamente atingir este objetivo.

Passo agora ao meu segundo ponto: as pessoas que trabalham no campo ideológico não devem propagar poluição mental.

O campo ideológico abrange uma vasta área, mas discutirei principalmente o trabalho teórico e a literatura e a arte. Nos últimos anos, assistimos a grandes êxitos nesses dois domínios. Os nossos teóricos contribuíram muito estudando, expondo e divulgando a teoria de que a prática é o único critério para testar a verdade, a análise científica da história do Partido, especialmente no período desde a fundação da República Popular, e a necessidade de construir um socialismo com características chinesas, de reformar as estruturas econômicas e políticas, de construir uma sociedade socialista avançada na ética e na cultura e de educar as pessoas no comunismo e no patriotismo.

Muitos camaradas de outros campos acadêmicos também têm trabalhado arduamente e têm dado contributos úteis. Nossa literatura e nossa arte nunca foram tão florescentes, tendo-se registado progressos notáveis na expressão artística e na representação da realidade em toda amplitude e profundidade. Foram produzidos excelentes romances, peças de reportagem, filmes, dramas televisivos, peças de teatro, óperas, poemas, composições musicais, pinturas, danças e obras de arte popular. Nesse campo, as realizações têm sido predominantes. Não há dúvidas quanto a isso, e é preciso afirmá-lo.

“Engenheiros da alma”

Todos os nossos trabalhadores que lutam na frente ideológica devem servir como “engenheiros da alma”. No esforço para construir uma sociedade socialista ideologicamente e culturalmente avançada e para promover a causa socialista como um todo, e particularmente durante o presente período de mudança, eles são encarregados da pesada responsabilidade de educar as pessoas.

O rescaldo dos dez anos de turbulência doméstica, as dificuldades deixadas pelo passado e os problemas complicados que surgiram nas novas circunstâncias afetaram o pensamento das pessoas e resultaram em alguma confusão e mal-entendidos.

Como “engenheiros da alma”, os nossos trabalhadores ideológicos devem erguer a bandeira do marxismo e do socialismo. Devem usar os seus artigos, obras literárias, palestras, discursos e performances para educar as pessoas, ensinando-as a avaliar corretamente o passado, a compreender o presente e a ter fé firme no socialismo e na liderança do Partido. Devem inspirar o povo a trabalhar arduamente, a estabelecer objetivos elevados para si próprios, a ter ideais elevados e integridade moral, a elevar o seu nível educacional, a cultivar o seu sentido de disciplina e a lutar corajosamente pela magnífica causa da modernização socialista. Isso é o que a maioria dos trabalhadores ideológicos têm feito, de uma forma ou de outra.

Mas há quem, perante as exigências dos tempos e do nosso povo, esteja poluindo a mente das pessoas com ideias, obras e desempenhos pouco saudáveis. No fundo, a poluição mental significa a disseminação das ideias corruptas e decadentes da burguesia e de outras classes exploradoras e a disseminação da desconfiança do socialismo, do comunismo e da liderança do Partido Comunista.

No antepenúltimo ano, o Comitê Central convocou um fórum sobre problemas no campo ideológico, no qual foram criticadas certas tendências à liberalização burguesa e a fraqueza e laxismo na liderança. Alguns resultados foram alcançados depois desse fórum, mas nem todos os problemas foram resolvidos. Em alguns lugares a liderança permaneceu fraca e laxista, nem todas as tendências para a liberalização burguesa foram ultrapassadas, e algumas pioraram ainda mais.

Alguns teóricos são indiferentes às grandes questões teóricas levantadas pela modernização socialista. Estão relutantes em estudar problemas reais porque, dizem eles, querem manter uma distância da realidade para evitar cometer erros, ou porque pensam que o trabalho desse tipo não teriam valor acadêmico. Verdade é que no estudo dos problemas atuais alguns camaradas desviaram-se da orientação marxista.

O humanismo socialista, ou “humanitarismo revolucionário”

Eles só se têm interessado por discutir o humanismo, o valor do ser humano e a alienação, e criticam o socialismo, não o capitalismo. É claro que o humanismo pode e deve ser estudado e discutido como questão teórica e ética. Mas há mil e uma definições de humanismo.

O que devemos fazer é a análise marxista do humanismo, divulgar e praticar o humanismo socialista (que costumávamos chamar de “humanitarismo revolucionário” durante os anos da revolução) e criticar o humanismo burguês.

Os membros da burguesia ostentam frequentemente o quanto são humanos; e atacam o socialismo como desumano. Muito me espanta descobrir que alguns dos nossos camaradas do Partido andam pregando o humanismo, o valor do ser humano, etc., só em termos abstratos. Esses camaradas não compreendem que nem na sociedade capitalista nem na sociedade socialista pode haver um valor abstrato do ser humano ou um humanismo abstrato, porque mesmo na nossa sociedade ainda há pessoas más, ‘lama do fundo do poço’ seja da velha seja da nova sociedade, inimigos do socialismo e espiões enviados por outros países e por Taiwan. Além disso, o nível de vida e o nível de educação do nosso povo não são elevados, e discutir o valor do ser humano ou do humanismo não elevará nem o padrão de vida nem o padrão de educação do nosso povo. Só esforços ativos para alcançar o progresso material e ético podem fazê-los melhorar.

Discutir seres humanos, fora do âmbito dessas condições e tarefas específicas, não é discutir seres humanos reais, mas abstrações; discutir abstrações não é abordagem marxista e desencaminhará os jovens.

Sobre a alienação

Depois de Marx ter descoberto a lei da mais-valia, usou os termos “alienação”/ “alienado(a)” exclusivamente para descrever o trabalho assalariado na sociedade capitalista. Os termos, nesse quadro, significavam que esse específico trabalho era estranho aos próprios trabalhadores; que era realizado contra a vontade do trabalhador, para que o capitalista lucrasse à custa do trabalhador.

Alguns dos nossos colegas, no entanto, ao discutir a alienação, vão além do capitalismo. Alguns até ignoram a alienação remanescente do trabalho feito sob condições do capitalismo e as suas consequências. Dizem até que haveria alienação sob o socialismo e que poderia ser encontrada nos domínios econômico, político e ideológico. Que o socialismo, no decurso do seu desenvolvimento, daria constantemente origem a uma força de alienação, como resultado das atividades do corpo principal da sociedade.

Além disso, tentam explicar a nossa reforma como se visasse a superar esse afastamento. Assim, não podem ajudar as pessoas a compreender e resolver corretamente os problemas que surgiram na sociedade socialista de hoje, nem a compreender e realizar corretamente a reforma contínua que é essencial para o nosso avanço tecnológico e social. Pelo contrário, aquela posição apenas levará as pessoas a criticar, duvidar e negar o socialismo, a considerá-lo tão desesperado como o capitalismo e a renunciar à sua confiança no futuro do socialismo e do comunismo. “Então para quê construir o socialismo?” dizem eles.

A teoria marxista avançará, assim como a teoria socialista; ambas avançarão à medida que a prática social e a ciência avançarem. Mas o pensamento desses camaradas não avança: só retroceder, de volta aos tempos pré-marxistas.

“Democracia abstrata”?

Essa confusão sobre o humanismo e a teoria da alienação é um problema muito sério entre as pessoas que trabalham na esfera ideológica. E há muitos outros problemas da mesma ordem. Por exemplo, algumas pessoas pregam a democracia abstrata, defendendo mesmo a livre expressão de opiniões contrarrevolucionárias. Colocam a democracia em oposição à liderança do Partido, apresentam argumentos antimarxistas sobre as questões do espírito partidário e do serviço ao povo, e assim por diante. Ainda hoje há camaradas que têm dúvidas quanto à necessidade de defender os Quatro Princípios Cardeais*.

Durante não muito tempo, alguns camaradas duvidaram de que a nossa sociedade fosse realmente socialista, de que devêssemos ou pudéssemos ter um sistema socialista e até de que o nosso Partido fosse o Partido do proletariado. Outros argumentaram que, dado que ainda estávamos na fase socialista, seria natural e correto que as pessoas “pusessem o dinheiro acima de tudo”. As coisas chegaram a tal ponto que a maioria dessas ideias erradas foram publicadas em jornais e publicações periódicas, e algumas ainda não foram esclarecidas. Tudo isto mostra a extensão da confusão ideológica que existiu entre os trabalhadores teóricos.

Sobre literatura e arte

No que diz respeito à literatura e à arte, é gratificante que nos últimos anos tenham surgido mais obras que retratam a nossa nova vida à medida que nos esforçamos por construir o socialismo. Tem havido uma série de reportagens que despertam um espírito revolucionário, especialmente nos jovens, encorajando-os a dedicarem-se à construção e à luta em todos os campos, peças que são muito inspiradoras. Tem havido algumas obras inspiradoras também noutras formas literárias, mas, no conjunto, não são muitas.

Alguns escritores e artistas tornaram-se indiferentes à orientação socialista e ao apelo do Comitê Central à literatura e à arte que servem ao povo e ao socialismo. Não estão interessados em retratar e exaltar a história revolucionária do Partido e do povo e seus feitos heroicos na luta pela modernização socialista. Não procedem da posição revolucionária do Partido e tentam ajudar as pessoas a compreender os problemas que têm de ser resolvidos na construção do socialismo, inspirar o seu entusiasmo e reforçar a sua confiança. Em vez disso, fazem questão de escrever sobre o lado negro da vida, espalham o pessimismo e por vezes até inventam histórias para distorcer o passado e o presente revolucionários. Outros elogiam em voz alta as escolas ‘modernas’ de pensamento do Ocidente, declarando que o objetivo supremo da literatura e da arte seria a ‘autoexpressão’, propagando as noções da natureza humana e do humanismo abstratos e mantendo que a alienação do homem sob condições socialistas deveria ser o tema das obras criativas. Alguns produzem pornografia. Embora não haja muitas dessas obras negativas, não se pode ignorar a influência sobre alguns jovens.

Muitos escritores e artistas negligenciaram o estudo do marxismo e distanciaram-se da luta do povo para construir uma nova vida, e alguns membros do Partido têm sido relutantes em participar nas atividades do Partido. É principalmente por estas razões que surgiram os fenômenos negativos.

A má prática de pôr o dinheiro como medida de todas as coisas

A má prática de pôr o dinheiro acima de tudo está-se espalhando em círculos literários e artísticos. Alguns membros dos grupos de teatro, desde as bases até ao nível central, correm por aí a dar espetáculos baratos e até a encenar espetáculos baixos e vulgares, para ganhar dinheiro. Lamentavelmente, alguns atores e atrizes famosos, incluindo alguns dos grupos de teatro do Exército do Povo da China, têm sido arrastados para essa tendência. Visivelmente as pessoas estão indignadas com autores e atores supostos socialistas, mas que só estão interessados em satisfazer o mau gosto de alguns públicos e assim sacrificam o honroso título de escritores e artistas socialistas. E esta tendência a considerar o dinheiro como a única coisa importante, para comercializar produtos intelectuais, manifesta-se também noutros domínios criativos. Alguns que ocupam posições nos domínios da arte e da edição ou em departamentos responsáveis por relíquias culturais e históricas degeneraram simplesmente em comerciantes que visam exclusivamente ao lucro.

E o que fazer ante a cultura burguesa ocidental moderna?

É correto levarmos a cabo a política econômica de abertura ao mundo exterior, e temos de aderir a essa política durante muito tempo. Temos também de continuar a expandir os nossos intercâmbios culturais com outros países.

Mas no que tenha a ver com os intercâmbios econômicos, estamos seguindo política dupla: mantemos as nossas portas abertas, mas somos seletivos, não introduzimos nada sem objetivo e plano e combatemos firmemente todas as influências burguesas corruptoras.

Por que, então, quando se trata de trocas culturais, temos permitido que elementos nocivos da cultura burguesa sejam introduzidos sem impedimentos? Se queremos aprender com os países capitalistas desenvolvidos e extrair benefícios dos avanços da ciência, da tecnologia, da gestão e de outras áreas, seria insensato manter as nossas portas fechadas e assim persistir.

Mas na aprendizagem das coisas no domínio cultural, temos de adotar abordagem marxista: analisá-las, distinguir o bom do mau e aplicar juízo crítico sobre os conteúdos ideológicos e as formas artísticas.

Há hoje no Ocidente estudiosos, escritores e artistas honestos e progressistas que estão produzindo obras sérias e valiosas, que sem dúvida temos de introduzir na China. Mas alguns dos nossos camaradas apressam-se a elogiar aos céus todas as tendências da filosofia, da economia, do pensamento social e político, da literatura e da arte do Ocidente, sem nada analisar, sem distinguir o bom do mau nem exercer qualquer juízo crítico.

Tem havido tal confusão na importação de produtos acadêmicos e culturais ocidentais, que nos últimos anos temos assistido a um afluxo de livros, filmes, música, danças e gravações de áudio e vídeo que mesmo lá, nos próprios países ocidentais, são considerados lixo pernicioso. Essa corrupção dos nossos jovens pela decadente cultura burguesa do Ocidente já não é tolerável.

A poluição mental pode ser tão prejudicial a ponto de levar à catástrofe o país e a população.

Há que salientar que a maioria dos nossos teóricos, escritores e artistas são bons ou relativamente bons; apenas alguns são culpados de propagar a poluição mental. O problema é que os erros desses poucos não foram severamente criticados e que não foram tomadas as medidas necessárias para pôr termo às suas ações nocivas e à disseminação das suas ideias erradas. A poluição mental pode ser tão prejudicial a ponto de causar a catástrofe ao país e à população – apagar a diferença entre o certo e o errado, levar à passividade, ao laxismo e à desunião, corromper a mente e corroer a vontade.

A poluição mental encoraja a propagação de todo o tipo de individualismo e leva as pessoas a duvidar ou mesmo a rejeitar o socialismo e a liderança do Partido.

Os Quatro Princípios Cardeais podem-se resumir a defender o socialismo e a liderança do Partido. Esses dois princípios são a base da construção do nosso país e da união de todo o nosso povo numa luta comum. É claro que não devemos atribuir todos os fenômenos negativos – más práticas, comportamentos criminosos e atividades antissocialistas de alguns – à confusão ideológica, porque há muitas outras razões para eles. No entanto, não devemos subestimar o impacto de tal confusão.

Não concordamos todos que a prática é o único critério para testar a verdade? Os camaradas em questão devem olhar para a influência e o efeito que têm as suas palavras erradas, escritos perniciosos e atuações baratas, sobre os jovens e outros. Os nossos honestos e simpáticos amigos estrangeiros estão preocupados com essas coisas. Claro que também há pessoas – no continente, em Taiwan e Hong Kong e no estrangeiro – que os aplaudem.

Gostaria de dar um pequeno conselho aos camaradas em questão: quando forem aplaudidos, parem para examinar quem vos aplauda, de que ponto de vista e com que finalidade. E submetam também o seu trabalho à prova da prática. Não pensem que um pouco de poluição mental não seja grave, que não haveria com o que se alarmar. Nem todos os defeitos nocivos são imediatamente visíveis. E a menos que os levemos a sério e adotemos desde já medidas firmes para evitar que esses efeitos nocivos propaguem-se, muitas pessoas cairão nas suas presas e serão desviadas, com graves consequências. A longo prazo, essa questão determinará o tipo de pessoas que nos sucederão para levar por diante a causa e qual será o futuro do Partido e do Estado.

O Partido tem de reforçar a sua liderança ideológica

Os princípios orientadores estabelecidos desde a 3ª Sessão Plenária do 11º Comitê Central, e em particular no 12º Congresso Nacional, são corretos e claros. O problema é que eles não foram resolutamente postos em prática. Os membros dirigentes dos comitês do Partido desde o nível central até o nível local devem prestar muita atenção à situação entre teóricos, escritores e artistas, aos problemas que surgiram no trabalho ideológico e à forma como esse trabalho é feito.

Para começar, devem reconhecer a gravidade dos problemas e a necessidade urgente de ultrapassar a fraqueza e o laxismo na liderança nessa área. Alguns camaradas são indiferentes à poluição mental, adotam uma atitude de laissez-faire em relação a ela e consideram-na mesmo algo vivo e colorido, uma encarnação da política de deixar florescer uma centena de flores, uma centena de escolas de pensamento a disputar. Outros, mesmo sabendo que é errado, ainda assim relutam a criticá-lo, porque têm medo de ferir os sentimentos das pessoas. Isso não pode continuar.

Tal como temos de tomar uma atitude séria e resoluta em relação a más tendências, pessoas e práticas durante o movimento de retificação do Partido, também temos de tomar a mesma atitude em relação a fenômenos negativos que dão origem a confusão ideológica e poluição mental. Não podemos parar a meio caminho.

O principal método para enfrentar essa confusão continua a ser a crítica e a autocrítica. Temos de reconhecer que, embora os nossos teóricos, artistas e escritores tenham feito uma crítica marxista a algumas tendências negativas, essa crítica não produziu resultados tangíveis.

Por um lado, a crítica foi insuficiente, tanto em quantidade como em qualidade; por outro, encontrou resistência substancial. Inadequada como era, foi muitas vezes rejeitada como “um ataque de todos os lados” ou “cair com grande porrete sobre as pessoas”. Na verdade os críticos foram atacados; e os criticados ganharam simpatia e proteção. Essa situação anormal tem de mudar, para que a propaganda a favor do socialismo e do comunismo seja verdadeiramente predominante na esfera ideológica, juntamente com a disseminação do marxismo e, em particular, de opiniões corretas sobre todas as grandes questões teóricas de princípio. Há pessoas que chamam marxistas as próprias opiniões erradas; outras, desafiam o Marxismo.

Nessas circunstâncias, os marxistas devem dar um passo adiante e falar alto. Os membros do Partido que trabalham no front ideológico, sobretudo os líderes e influentes, devem estar na linha da frente da luta. Aqueles que se enganaram devem fazer verdadeiras autocríticas e tentar corrigir o seu pensamento. Ninguém que se agarre às suas opiniões erradas e recuse-se a corrigi-las pode ocupar uma posição de liderança no trabalho ideológico.

Os membros do Partido devem reforçar o próprio espírito partidário e respeitar sempre a Constituição do Partido e a disciplina partidária. Não importa se são estudiosos, escritores, artistas ou especialistas em qualquer área, não lhes é permitido considerarem-se diferentes de todos os outros, mais sábios do que o Partido em assuntos políticos e livres para fazer o que acharem melhor.

No atual movimento de retificação a tarefa mais importante para as organizações e membros do Partido que fazem trabalho ideológico é resolver essas questões. Desde que façamos verdadeiros esforços para reforçar a liderança marxista, para superar a fraqueza, o laxismo e a atitude de laissez-faire e para travar uma luta ideológica ativa, todos esses problemas podem ser facilmente resolvidos.

Deixar florescer “cem flores” não é abraçar a política ocidental do laissez-faire

Quando tentamos fazer essas coisas, haverá quem se pergunte se o Partido mudou os seus princípios, se abandonou a política de deixar florescer “cem flores” e uma centena de escolas de pensamento. O Partido não mudou os seus princípios, e não abandonou a política das “cem flores”. Colocar as críticas em contradição com essa política é um grande mal-entendido ou distorção. A política foi concebida para permitir o florescimento da cultura socialista. O camarada Mao Tse Tung disse uma vez: “A verdade desenvolve-se mediante sua luta contra a falsidade. É assim que se desenvolve o marxismo”.

Algumas pessoas tomaram a política das “cem flores” como significando que haveria liberdade absoluta para expressar quaisquer opiniões, ou mesmo que apenas opiniões erradas podiam ser expressas, não deixando espaço para argumentos marxistas. Como é que se poderia chamar a isso deixar que uma centena de escolas de pensamento se oponham? De fato, estavam transformando a política marxista proletária das “cem flores” numa política burguesa de laissez-faire.

O ensaio Contra o Liberalismo, do camarada Mao Tse Tung (7/9/1937) é bom ensaio marxista. Sugiro que os principais camaradas em todos os níveis, especialmente aqueles que trabalham na área da ideologia, o estudem conscienciosamente e ajam em conformidade.

Embora salientando a necessidade de uma luta ideológica ativa, devemos continuar a precaver-nos contra os erros do esquerdismo. Os métodos impiedosos utilizados no passado – as críticas demasiado simplistas, unilaterais, grosseiras e excessivas e os ataques impiedosos – nunca devem repetir-se.

Quando se fala em reuniões ou se escrevem artigos, as pessoas devem construir racionalmente os passos do próprio argumento e analisá-los de forma racional e científica. Aqueles que têm o dever de participar na discussão ou na crítica devem ter ideias claras sobre o assunto, organizadas com antecedência. Não devem, em caso algum, fazer críticas generalizadas, encontrar algo suspeito em todos os cantos, para onde quer que olhem. Não devem usar uma posição de poder para intimidar os outros ou tentar convencê-los com sofismas. Devemos ter uma atitude de simpatia para com os camaradas em erro, dar-lhes muito tempo para reflexão e permitir-lhes dar uma resposta razoável, explicando os fatos e esclarecendo as suas posições. Devemos encorajar, em particular, uma autocrítica sincera e recebê-la calorosamente. É bom que uma pessoa faça sua autocrítica; uma vez que o tenha feito, o assunto estará superado.

Quando criticarmos os outros ou nós próprios, devemos fazê-lo de um ponto de vista marxista e não de um ponto de vista esquerdista. Devemos continuar a criticar e a corrigir as opiniões esquerdistas na esfera ideológica e teórica. Mas deve ficar claro que o principal problema na frente ideológica é ultrapassar a tendência direitista à fraqueza e ao laxismo.

Recado às pessoas que trabalham nos domínios da educação, da imprensa, da edição, da rádio e da televisão e as que fazem trabalho cultural, ideológico e político entre as massas

Em suma, o reforço da liderança do Partido em questões ideológicas e a superação da fraqueza e do laxismo tornou-se tarefa urgente para todos os membros. Não só os teóricos, escritores e artistas, mas também as pessoas que trabalham nos domínios da educação, da imprensa, da edição, da rádio e da televisão e as que fazem trabalho cultural, ideológico e político entre as massas são confrontadas com estas tarefas e outras que exigem ação imediata. Todo o nosso trabalho ideológico tem de ser melhorado.

Devemos colocar esta questão perante todos os membros do Partido e dar-lhe lugar importante na agenda do Comitê Central e dos comitês locais do Partido, em todos os níveis.

Não descuidar do trabalho ideológico a favor do trabalho econômico

Agora que mudamos nossa ênfase para o desenvolvimento econômico, todos os nossos membros deveriam considerar a forma de reforçar o trabalho ideológico e de o adaptar às novas condições, para que não seja descuidado a favor do trabalho econômico.

As comissões partidárias a todos os níveis, e especialmente os seus membros dirigentes, devem prestar muita atenção à situação na frente ideológica, fazer um estudo aprofundado dos problemas e adoptar medidas eficazes para melhorar o trabalho nesta área. Sugiro que a Mesa Política ou a Secretaria do Comitê Central realize discussões especiais sobre esse trabalho, concentrando-se em princípios, tarefas, medidas e assim por diante.

Estou convencido de que, se todos os nossos membros reconhecerem a importância do trabalho ideológico e lhe derem o seu melhor, e se, ao mesmo tempo, levarmos a cabo o movimento de retificação à escala do Partido, ocorrerá uma mudança tremenda. Surgirá uma nova situação na qual florescerão a ideologia e a cultura socialistas.*******


* Os Quatro Princípios Cardeais (“As Quatro Modernizações) são: 1) Defender o caminho socialista; 2) Defender a ditadura democrática do povo; 3) Defender a liderança do Partido Comunista da China; e 4) Defender o Pensamento Mao Zedong e o Marxismo-Leninismo (In Uphold The Four Cardinal Principles, 30/3/1979 [aqui traduzido] (NTs).

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