7/4/2021, Andrei Martyanov, Unz Review
Continuação de uma conversa com Paul Craig Roberts (Trad. automática revista)
Séries de números começam com dois. No que aqui nos interessa, são os seguintes: 447 milhões e 4,67 bilhões.
Esses dois números falam por si e estão na base do declínio dos EUA e do comportamento cada vez mais irracional que pode – parafraseando o grande hit de Bachman Turner Overdrive –, nos levar ao ponto do mais proverbial “vocês ainda não viram nada”.
O primeiro número acima (447 milhões) é a população da União Europeia. O segundo, (4,67 bilhões) é a população da Ásia. A população da Ásia corresponde a cerca de 60% de toda a população mundial.
Em segundo lugar nessa contagem populacional por continente, temos a África, com cerca de 1,37 bilhão de pessoas; e em terceiro, aparecem a América Latina e o Caribe com respeitáveis 659 milhões de habitantes – número consideravelmente maior que a população da União Europeia.
Na América do Norte vivem cerca de 371 milhões de seres humanos, e o número, no esquema geral das coisas, não parece tão impressionante. Na verdade, não é.
A história do colonialismo – deliberadamente não escrevo aqui o adjetivo qualificativo “Ocidental”, porque houve os mais variados tipos de colonialismos –, considerado o capitalismo clássico foi mais do que a exploração de colônias em benefício da metrópole.
Embora as imagens de extração de recursos naturais de colônias e correspondente envio para metrópoles estejam corretas, elas não constituem o quadro completo. No final, as colônias eram vistas como mercados onde a metrópole venderia seus produtos.
Quanto maior a colônia, mais numerosa a população, e maior o mercado para os produtos manufaturados na metrópole. Isso sempre fez sentido econômico completo, embora muitas vezes sangrento, nos tempos de um bom e velho capitalismo industrial, quando a metrópole obteria recursos da colônia e os transformaria em produto acabado; e então enviaria esse produto acabado, com enorme valor agregado, para ser vendido na colônia.
Para os nativos americanos que venderam Manhattan aos holandeses em 1626 por supostos (e número fortemente contestado pelos historiadores) US$24 em produtos acabados, qualquer coisa que fosse oferecida aos nativos era valor enorme para eles, porque eles não podiam produzir esses itens – ainda que fossem, como narra a mitologia, quinquilharias de vidro brilhante [na colônia Brasil, o termo que a mitologia consagrou para esses ‘negócios’ é “quinquilharias”, NTs] ou qualquer outra coisa tecnologicamente muito mais avançada que a tecnologia holandesa [no caso dos nativos da América do Norte] pudesse oferecer-lhes. E mais ou menos assim funcionou durante séculos. Quanto mais e melhores itens houvesse para serem extraídos da colônia, mais rico o colonizador se tornará.
Assim foi, até que a economia de FIRE (sigla ing. de “Finance, Insurance e Real Estate”; port. setores de “Finança, Seguros, Imóveis”) e o simulacro do pós-industrialismo fossem revelados ao mundo por pessoas que, em sua maioria, teriam dificuldade para conseguir aprovação em vestibular para empreendedor, para nem falar em conseguir diploma de engenharia industrial.
Avancemos para maio de 2000, quando da aprovação, pela Câmara de Representantes dos EUA, da Resolução da CR 4.444 Projeto de Lei Comercial da China [ing. House Resolution 4444 China Trade Bill].
Numa das declarações mais estúpidas e ignorantes da política externa e econômica dos EUA, Bill Clinton proclamou que:
“Hoje a Câmara dos Representantes deu um passo histórico em direção à prosperidade contínua na América, de reformarmos a China e da paz no mundo. Se o Senado votar como a Câmara acabou de fazer, estender as relações comerciais normais permanentes com a China, isso abrirá novas portas de comércio para os EUA e uma nova esperança de mudança na China. Há sete anos, quando me tornei presidente, tracei um novo rumo para uma nova economia – um curso de disciplina fiscal, investimento em nosso pessoal e comércio aberto. Sempre acreditei que, ao abrir mercados no exterior, abrimos oportunidades em casa. Trabalhamos muito para promover essa meta de comércio mais aberto e justo, desde 1993 até a legislação que assinei há poucos dias para expandir o comércio com a África e a Bacia do Caribe. “
É documento que tem lugar garantido na história do mundo, pela absoluta pura falsidade e pelo repugnante, insuportável pathos – esse equivalente econômico da proclamação “Peace for Our Time” de 1938 de Chamberlain, depois de assinar a capitulação de Munique a Hitler. A declaração de Clinton abalou até aqueles que, não fossem as proporções da imbecilidade, nem teriam sabido dela, porque nem prestam atenção aos assuntos econômicos dos EUA. A China não deu sinais de incômodo. Por quê?
Tanto o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (ing. NAFTA) quanto a adesão da China à OMC serviram como grande aspirador de pó, sugando a vida das indústrias americanas e, com certeza, não se tratava de Clinton enviar para o exterior “indústrias” bancárias ou de consultoria financeira. A manufatura dos EUA começava a deixar para trás os próprios litorais. Os EUA começavam a perder a própria capacidade manufatureira – única ferramenta conhecida, e sempre foi assim, se a meta é alcançar a prosperidade econômica. Esse é um dos conceitos que a maioria dos economistas e pseudocientistas políticos norte-americanos absolutamente não conseguem compreender, todos eles metidos em ternos caros, desenhados, cortados e costurados na China, usando iPhones fabricados na China e laptops e PCs também montados na China.
De fato, os EUA ainda produzem alguns itens – aeronaves civis, por exemplo. Sim, mas… desde o caso do Boeing 737 Max, que só pode ser descrito em palavrões mais fortes, o brilho da polida fachada externa da Boeing praticamente se foi; e o gigante da aviação comercial americana já perdeu a corrida para seu rival da UE, Airbus. Automóveis? Sim, claro. Os EUA permanecem competitivos na fabricação de caminhões. E o que mais?! Os sedãs norte-americanos não são competitivos e perdem para os fabricantes de automóveis japoneses e coreanos, tanto nacional quanto internacionalmente.
Qualquer dúvida que reste desaparece, se se vê a Ford perdendo mercado russo para fabricantes de automóveis asiáticos, russos e europeus, com a última fábrica do Ford Focus fechada na Rússia recentemente [“Em 2019, a Ford anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP, Brasil), depois de 52 anos. Ali a Ford montava caminhões e o Fiesta, um de seus modelos de maior sucesso (…) Ford foi a primeira montadora norte-americana a se instalar em solo brasileiro, em 1919”.13/1/2021, Luis Barrucho – @luisbarrucho, BBC News Brasil em Londres NTs.]
Em outro desenvolvimento bastante surpreendente, Hollywood – principal produto de exportação de soft power dos EUA –, está perdendo poder de penetração na China e na Rússia. Na verdade, não é que esteja ‘perdendo’: já perdeu seu poder de penetração na China e na Rússia.
Há 20 anos, essa informação teria sido ridicularizada. Hoje, o fato de que filmes russos já dominam a bilheteria da Rússia é aceito como absolutamente normal. O mesmo é verdade para o mercado de cinema chinês – onde Hollywood é forçada a ceder cada vez mais à China, ainda tentando alguma chance de atingir o gigantesco público do cinema chinês.
Mesmo antes da pandemia, o desempenho de Hollywood já não era impressionante e já estava em declínio.
Os “valores” de Hollywood – feminismos cenográficos, misoginia anti-homens, a propaganda dos mais variados sexualismos não são itens demandados nas sociedades chinesas e russas, amplamente conservadoras.
Claro, existem itens que os EUA fabricam hoje e para os quais há demanda, ou, dito como as coisas realmente são, ainda podem ser impingidos, impostos à força, aos ‘consumidores’: falo dos sistemas de armas extremamente caros e duvidosamente eficazes, de fabricação norte-americana. Só isso resta hoje daquela poderosa planta industrial dos EUA, que podia produzir de tudo, desde meias e colheitadeiras de quintal, até bons aviões de combate e excelentes aeronaves comerciais. Hoje essa capacidade já não existe, pois a China é o principal fabricante mundial de bens de consumo.
Assim sendo, a única forma de os EUA conseguirem garantir algum mercado para as suas armas é manter a Europa – vale dizer: a OTAN, como seu principal cliente-vassalo-cativo.
A OTAN terá de se mostrar feliz e agradecida por “comprar” as armas dos EUA e a “defesa” da Europa (ou aí estão as revoluções coloridas, como ferramenta para convencer os que não se mostrem muito convencidos e convincentes).
Mas para tanto, os EUA precisam de europeus que acreditem que hordas de odiadores da democracia, gente que só faz sexo pelos padrões dos dois ‘gêneros’ bem claramente delimitados, só Ivãs barbudões e atrasados, preparam-se para negar à Europa os seus valores favoritos de total depravação sexual, as cidades ‘de cultura europeia’, conhecidas também como cloacas de exploração multicultural, periferias em desmanche, economia declinante… a que tantos aspirariam, por razões que só existem na cabeça dos EUA. Porque os russos, em massiva maioria, especialmente os jovens russos, absolutamente não desejam alguma identidade europeia.
Assim sendo, para convencer os 447 milhões de residentes da UE, de que precisam da proteção e das armas norte-americanas, os EUA precisam da Rússia para criar guerra na Ucrânia. E se essa guerra levar à total destruição – e assim acabará por acontecer, se a Rússia realmente decidir que assim seja – das Forças Armadas Ucranianas e, provavelmente, também do Estado ucraniano… que seja.
Os americanos nunca se importaram com quantos milhões de nativos ou nacionais morrem em suas guerras, desde que o morticínio funcione para os resultados financeiros dos EUA.
A condição norte-americana está-se deteriorando constantemente, não só porque os EUA têm cada vez menos substância, ou seja, cada vez menor valor agregado no que vende ao mundo, mas, também, porque o monstro econômico e militar que se forma na Eurásia retira dos EUA status de autoproclamado hegemon global. É status grosseiramente exagerado, para começar, do que não passa, na melhor das hipóteses, de um dos poucos ‘figurões’ do planeta. Na pior das hipóteses, os EUA, expulsos da Europa como competidor viável, são relegados ao status de potência regional – ainda poderosa em relação a seus vizinhos continentais, mas sem chance de atingir aquele segundo número, lá acima, de 4,67 bilhões de consumidores. Essa é grande parcela da população e dos clientes.
Agora imaginem se acontece de os EUA perderem a UE. De repente, 4,67 bilhões de pessoas tornam-se 4,67 bilhões + 447 milhões = 5,117 bilhões: é 65% da população da Terra. É grande maioria da população mundial e, mais importante, é população que pode pagar por bens, ao contrário do que acontece com a gigantesca população da África.
Além disso, essa população está concentrada numa só massa terrestre continental, isolada dos EUA por dois oceanos.
Os EUA não podem permitir que aconteça: não podem perder a Europa nem permitir que se consolide esse mercado monstro. Perder a Europa – assim pensa Washington – equivale a capitular.
Portanto, os EUA devem-se agarrar à UE – ou a seja o que for em que a UE converta-se depois do inevitável colapso. E a OTAN continua a ser a única ferramenta para levar à submissão os fracos europeus.
Fazer com que a Rússia destrua as Forças Armadas Ucranianas é maneira perfeita de assustar os europeus para que abandonem qualquer tentativa de competir economicamente com os EUA, e para negar à Europa o acesso à energia russa.
Considerando um nível de escolarização extremamente baixo no Ocidente no campo da geopolítica prática e de seu desdobramento pseudocientífico – a geoeconomia – que falhou nos últimos 30 anos em apresentar até alguma confusa e imprestável descrição do mundo emergente, não importa se os EUA “retêm” a Europa, ou se a perdem.
As razões para o fracasso total dessas previsões “acadêmicas” e políticas resultantes são numerosas, mas poucas delas valem o trabalho de comentá-las.
1. A Europa deixou de ser parceiro comercial crucial para a Rússia; e o comércio mútuo despencou nos últimos anos. Essa tendência se manterá, e não apenas devido à pressão dos EUA, embora também estejam pressionando a UE. Essa tendência é o resultado da mudança constante do modelo econômico da Rússia e de sua reorientação para a Ásia, que agora está praticamente concluída.
A Rússia simplesmente não precisa mais de muitos produtos que costumava comprar na UE. A política de substituição de importações já é um sucesso, em média; e a Rússia continuará a se isolar economicamente do Ocidente.
2. Um gasoduto muito discutido, Nord Stream 2, na verdade deixou de ser projeto econômico crucialmente importante para a Rússia. A Rússia pode absorver perdas se o projeto for sabotado pelos EUA e seus poodles europeus, como a Polônia; mas para a Alemanha e a UE em geral, essa sabotagem resultará em catástrofe, devido às políticas energéticas suicidas dos verdes europeus que tornam os custos dos produtos europeus extremamente dependente de energia.
Na realidade, as tentativas dos EUA de sabotar o gasoduto Nord Stream 2 são principalmente dirigidas contra a UE em geral, e contra a Alemanha em particular, e não contra a Rússia em si.
3. Os EUA perderam a corrida armamentista. O processo de aquisição de armas e a disseminação da doutrina militar dos EUA deixaram de poder ser vistos como processo normal, ou seja, lógico e justificado. Embora ainda sejam capaz de produzir algumas plataformas e habilitadores de última geração, como processamento de sinais, computadores de combate e redes de comunicações, recursos de reconhecimento, em termos de armas reais, os EUA começam a ficar atrasados em relação à Rússia, não apenas em anos, mas em gerações.
Recentemente, em fevereiro de 2021, o relatório do Escritório de Orçamento do Congresso sobre defesa contra mísseis admitiu que os EUA estão indefesos contra ataque de combinações de novos mísseis de cruzeiro da Rússia, e não há nada que os detenha. Nada. Os sistemas de defesa aérea dos EUA ficam dramaticamente atrasados em relação aos russos; e a diferença só aumenta com o S-500 da Rússia entrando em produção em série e o S-350 mais recente já sendo implantado nas unidades de primeira linha.
4. Os EUA simplesmente não podem desenvolver mísseis antinavios supersônicos modernos e a Marinha dos EUA é forçada, incompreensivelmente, a comprar o Míssil de Ataque Naval norueguês Kongsberg – míssil subsônico de qualidade inferior que não é arma que enfrente o armamento moderno supersônico e hipersônico de ataque com que a Rússia conta; e não é arma que sobreviva em ambiente moderno de defesa aérea e de contramedidas eletrônicas.
5. Por fim, o nível intelectual e o nível de consciência das elites norte-americanas modernas estão em vertiginoso declínio, o que inevitavelmente resultou em constrangimento das últimas eleições da América, especialmente no debate escandaloso entre dois candidatos geriátricos em 2020, que desfilaram nos EUA como num programa de TV de anomalias. A perda de legitimidade disso resultante e outra confirmação da posição dos EUA como “entidade incapaz para acordos”[1] dificilmente servem como incentivos para a reputação já manchada dos EUA como valentão falastrão e de suas elites incultas e incultas.
Os EUA já não atendem a vários critérios imperativos para o status de superpotência, entre os quais o militar é crucial. Se alguns “estrategistas” militares americanos ainda exerciam a ideia suicida de lutar contra a Rússia convencionalmente na Ucrânia em 2014, hoje em 2021 essa ideia é completamente maluca, porque os EUA não podem vencer a guerra convencional nas proximidades da Rússia e qualquer força americana será aniquilada. Isso deixa os EUA apenas com duas opções:
1. Tomando por verdade o que não passa de sua própria propaganda, os EUA podem tentar desencadear o caos na Ucrânia, provocar a Rússia em uma operação militar direta e então introduzir qualquer força que os EUA e a OTAN reúnam no teatro de operações.
Qualquer plano desse tipo está fadado ao fracasso lamentável, porque não apenas essa força será aniquilada, mas os países participantes da OTAN enfrentarão a possibilidade de suas instalações militares serem destruídas por armas de bloqueio.[2] Isso aumenta a possibilidade de os EUA escalarem para o limite nuclear, o que significa que os EUA podem deixar de existir como país.
Esse é plano indesejável. A maioria dos legisladores dos EUA, exceto alguns casos graves de distúrbios psicológicos russofóbicos que são numerosos no atual governo e nas elites dos EUA, entende o que isso significaria. Portanto, embora não seja completamente impossível, a probabilidade de tal plano ser implementado é bastante baixa. Sem mencionar o fato de que, para os EUA lutarem de maneira convencional em torno da Rússia, será necessário que montem uma força muito superior a qualquer força que tenham reunido para a Primeira Guerra do Golfo. Lá, os EUA tiveram quase seis meses para planejar.
2. Então só resta aos EUA – em termos realistas – empurrar a Ucrânia para uma campanha suicida contra a Rússia já designada como agressora antes mesmo de os primeiros tiros serem disparados.
O que os EUA não reconhecem é o fato de que o que estão fazendo na Ucrânia desata as mãos da Rússia, que já tem domínio esmagador e escalonado, não só sobre a Ucrânia, mas contra o que quer que possa ser tentado em termos de “apoio” ao regime irracional de Kiev.
Rússia tem muitas opções, EUA só têm uma: e essa opção exige que haja guerra no Donbass, a qual, segundo Washington, permitiria submeter os europeus, o que supostamente viria a permitir que os EUA salvassem seu status hegemônico. Não o salvarão nem se encurralarem a Europa e forçarem-na à submissão.
Hoje só resta aos EUA um único recurso para tentar permanecerem relevantes: a realidade virtual, seja da emissão “impressa” de dinheiro, seja da emissão “escrita ou falada” da propaganda pelos veículos de massa, que é cada vez mais ineficaz.
Podem esconder – mas só por algum tempo – as cidades decrépitas dos EUA, os motins em massa, a destruição do sistema educacional, a falta de capacidades em todos os escalões políticos e militares, as práticas sociais suicidas e a quebra da lei e da ordem, agravados por enormes filas aos bancos de alimentos. No momento, os EUA estão expostos, até subjugados pela Europa.
Estarem hoje – só supostamente –, abrindo os mercados da Europa para aqueles poucos itens que os EUA ainda podem fornecer para seus clientes europeus não muda o fato de que os EUA, como existem hoje, não têm futuro, com ou sem a Europa. Além disso, ainda precisam aprender a conviver com a imensa capacidade de manufatura da China e com o poder militar avançado da Rússia. Essas duas forças impulsionam a unificação do mercado da Eurásia, independentemente de os EUA desencadearem guerra na Ucrânia ou não.
Com ou sem UE, esse novo mercado que hoje se configura supera tudo o que os EUA seriam capazes de “salvar” para evitar o rebaixamento para a liga inferior.
Os EUA não podem deter um processo já em andamento há anos, desde que a Rússia, depois do sangrento golpe na Ucrânia, compreendeu que não havia com quem conversar no ‘Ocidente’, o qual, além de ter perdido o poder militar e econômico, já começava a se desintegrar de dentro para fora. E, isso, porque as sociedades ocidentais iam-se tornando cada vez mais totalitárias e incapazes de encarar a realidade em que ainda vivemos no mundo altamente industrializado que carece de energia, plantas industriais e armas com as quais as defender.
Ambas, China e Rússia parecem acumular tudo isso. Assim sendo, o destino dos EUA está selado. Se Bill Clinton acreditou realmente que tivesse “traçado a nova rota para uma nova economia” em 2000, pior para ele e para os EUA, com a tal “nova economia” que afinal nunca passou da mesma velha economia. O quê?! Vocês não acreditaram que jeans, smartphones e motores de foguete dessem em árvores… Ou acreditaram??*******
[1] Sobre “incapaz para acordos”, ver 24/9/2016, The Saker, The Vineyard of the Saker, “Por que eventos recentes na Síria mostram que o governo Obama está em confusa agonia terminal”, traduzido no Pravda Brasil:
“Os russos manifestaram total desagrado e indignação contra o ataque e começaram a dizer abertamente que os norte-americanos são “недоговороспособны”. A palavra significa literalmente “[gente, pessoa] incapaz para acordos” ou sem as competências mínimas para firmar um acordo e para, na sequência, honrar o que assinou. (…)
Dizer que uma superpotência nuclear mundial é “incapaz para acordos” é diagnóstico extremo e terrível. Significa basicamente que os norte-americanos enlouqueceram e perderam os meios morais mínimos necessários para firmar acordos, qualquer tipo de acordo. Afinal, governo que descumpra o que prometa ou tente burlar, mas o qual, pelo menos em teoria, conserve a capacidade para respeitar a própria assinatura em acordos não seria descrito como “incapaz para acordos”. É expressão que só é usada para descrever entidade que sequer tenha condições mínimas indispensáveis para merecer a confiança necessária para que alguém possa iniciar negociações, porque se sabe de antemão que não cumprirá o que for acordado. É diagnóstico absolutamente devastador.”
[2] Orig. Standoff weapons: mísseis ou bombas que podem ser lançadas de distância suficiente para permitir que os atacantes evitem o fogo de defesa que venha da área alvo. Tipicamente, são usadas em operação ofensiva contra alvos em terra e mar [NTs, com informações de Wikipedia].
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