14/3/2020, The Saker, Unz Review
O século 20 assistiu a número aparentemente incontável de conflitos militares, desde pequenos confrontos locais, até, pelo menos, duas guerras mundiais. O mesmo século 20 viu esforços tremendos, pelas grandes potências, para desenvolver três tipos das chamadas “armas de destruição em massa” (ADM) (ing. weapons of mass destruction, WMD): Atômicas, Bacteriológicas e Chemical [Químicas] (ing. ABC). Todas essas ADMs foram vistas inicialmente como muito efetivas e assustadoras, mesmo que só tenham sido usadas em poucas e limitadas ocasiões.
Perguntem a vocês mesmos: por que foram pouco usadas?
A razão é simples: embora os EUA tenham conseguido impunemente detonar cidades japonesas com bombas atômicas em 1945, e embora as anglo-potências tenham elaborado pelo menos TRÊS planos para fazer guerra total contra a União Soviética (detalhes nesse artigo), jamais se atreveram a implementá-los.
Outra vez, perguntem a vocês mesmos: por que não?
Sou perfeito ignorante de assuntos médicos, e nada tenho a declarar sobre a natureza do SARS-CoV-2 [Severe Acute Respiratory Syndrome, Síndrome Respiratória Severa Aguda]. Sou analista militar, e uma das minhas áreas de especialização (além de planejamento de forças nucleares) era arte operacional, quer dizer, o nível das operações militares acima do nível tático, mas abaixo do nível estratégico: você pode pensar em “arte operacional” como o que conecta os meios táticos aos objetivos estratégicos. Você também pode pensar nisso como o nível no qual formações de armas combinadas (acima do nível da divisão) são reunidas em algo similar a um corpo de exército. Esse é precisamente o nível no qual é mais provável que se usem ADMs. Mas, se você olha os manuais típicos, soviéticos/russos ou dos EUA, que discutem arte operacional, você perceberá que sempre se dá por pressuposto (até em documentos secretos), que o outro lado usará primeiro qualquer ADM.
Mais uma vez, pergunte-se você a você mesmo, por que acontece isso? Será só uma espécie de ‘boas maneiras’ politicamente corretas, mostrando que ‘nós somos os bons moços’ e ‘eles são os bandidos’? Até certo ponto, sim, mas não é só isso.
Minha hipótese é que os três casos têm a mesma explicação: ADMs são complexas, perigosas de usar, e quando usadas sempre podem levar a consequências políticas realmente cataclísmicas. Considerem por exemplo o noticiário (completamente forjado) sobre o governo sírio ter usado armas químicas contra os Takfiris: nada daquele noticiário jamais fez sentido algum para qualquer analista militar, por duas razões, ambas suficientes: 1) porque não asseguravam vantagem alguma a Damasco; e 2) porque todos sabiam que, no momento em que o mais recente “novo Hitler” fosse acusado de usar munição química, o Império montaria nesse pretexto para atacar a Síria.
Sim, é verdade que os Takfiris *desenvolveram* armas químicas, aparentemente tentaram, sim, usá-las, vez ou outra, sem qualquer resultado especial a ser exibido, e recentemente parece que se autoenvenenaram (conforme relatórios russos). Além disso, os arsenais muito reais de armas químicas dos Takfiri foram usados como prova de ataques pelo governo sírio (o que é loucamente estúpido, mas…). Até o momento, não houve reais consequências políticas para esses doidos Takfiri. Quanto à sua imagem pública, depois de muitas horas de encenarem atrocidades coreografadas em vídeo, pode-se ter certeza de que aquele pessoal não dá a mínima para o que pensem os “kafirs” e outros “cruzados”…
O mesmo vale para Saddam Hussein o qual, ajudado pela “comunidade internacional (quase que só o Império, URSS e França), sim, usou, sim, armas químicas contra o próprio povo e contra o Irã, mas, dado que se tratava de “o nosso filho-da-puta”, sabia que sempre esteve sob risco zero de retaliação. Mas quando o Império voltou-se contra Saddam, ele já não se atreveu a usar suas ADMs contra quem fosse.
Por quê?
Porque as forças lideradas pelos EUA jamais seriam contidas por um ataque químico. E porque qualquer ataque desse tipo daria aos EUA e ao resto da coalizão anti-Iraque uma “licença” para usar contra o Iraque qualquer tipo de arma ou qualquer tecnologia que quisessem, inclusive bombas nucleares táticas.
A verdade é que há bem poucos cenários militares nos quais faz sentido usar ADMs, o que vale para todos os três tipos [armas atômicas, bacteriológicas e químicas, mas é especialmente verdade para guerra biológica – que é, das três, a mais difícil de controlar.
Aqui tenho de lembrar a todos, mais uma vez, que a guerra jamais é um fim em si mesma, apenas um meio para alcançar um fim; e que esse fim sempre é POLÍTICO. Sair matando gente e, mesmo, bombardear um país até devolvê-lo à idade da pedra, não basta para definir um objetivo político. Se alguém aí preferir, o objetivo político é o que se possa definir como “vitória”. Assim sendo, repetindo, “destruir todos os navios inimigos” ou “acertar golpe que arranque a cabeça de alguma liderança” NÃO SÃO objetivos políticos.
Há vários países por aí capazes de desenvolver bioarmas. De fato, muitos biolaboratórios podem produzir bioarmas simples, usando agentes que se encontram facilmente. Mas os laboratórios não se decidem a produzir essas armas. Essa decisão é decisão que, claramente, só pode ser tomada no plano do comando central, e sempre seguindo argumento convincente construído por especialistas militares e científicos. Por fim, nenhum governo responsável jamais ordenaria o emprego de ADMs, se sentisse que haveria risco de retaliação, seja militar ou político.
Por fim, no caso do SARS-CoV-2 e de todas as outras epidemias/pandemias, vê-se situação na qual a infecção não permanece confinada no local da infecção original, mas torna-se global.
Tanto quanto sei, e me corrijam, por favor, se estiver errado, mas não tenho notícia de vírus lançado com sucesso contra alvo específico que se tenha mantido confinado naquele alvo. Em outras palavras, o risco de “dano colateral” por uso de bioarmas é bem próximo de infinito (pelo menos potencialmente).
Sim, em teoria, um país pode desenvolver um novo vírus, ou converter em arma algum vírus já conhecido, e depois desenvolver uma vacina, vacinar as próprias forças armadas ou, mesmo, toda a própria população. Mas equivaleria a pôr uma faixa monstro diante da Casa Branca, dizendo “Yes, we done it!” [Sim, fizemos!], o que equivale a suicídio político.
Fato é que a VASTA maioria dos comentários focaram os possíveis aspectos médicos dessa pandemia. Nada tenho a dizer sobre isso. Mas agora os convido a considerar as dimensões MILITARES e, portanto, POLÍTICAS dessa crise. E cada um pergunte a si mesmo: cui bono [quem se beneficia]?
Parece-me que China e Rússia fizeram tudo muito, muito bem. A crise está satisfatoriamente controlada na China, e na Rússia está confinada e limitada. O fato de chineses e russos não terem qualquer ilusão quanto ao “setor privado”, e o fato de essas duas sociedades compreenderem com perfeita clareza que é indispensável governo forte para responder a esse tipo (e a muitos outros tipos) de crise, muito os ajudaram. Mesma sorte não tiveram os iludidos e enganados EUA, que têm menos de 950 mil leitos hospitalares em todo o país e cujo presidente parece crer que Walmart e Amazon podem entregar em casa, pagos com cartão de crédito, todos os respiradores necessários.
De fato, EUA é país dos que MENOS têm como enfrentar qualquer verdadeira pandemia. Assim sendo, por que governantes dos EUA decidiriam disparar esse tipo de arma contra países comparativamente MUITO mais bem preparados, quando os EUA estão entre os países mais vulneráveis de todo o planeta?
E quanto à evidência de que a situação na Europa é absolutamente terrível? Sim, sei, o Idiota-em-Chefe nem cogitou de consultar os assim chamados “aliados” dos EUA, antes de declarar a proibição (confusa!), de 30 dias, para todas as viagens entre EUA e União Europeia. Mas uma coisa é ser mal educado e nada compreender de diplomacia; e outra, bem diferente, é ser o agente responsável por dezenas de milhares, talvez por milhões de mortes, bem ali, entre os próprios ditos “aliados”.
Assim sendo, a coisa resume-se ao seguinte: será que podemos crer que os verdadeiros líderes do Império Anglo-sionista (não, obviamente, os palhaços que habitam a Casa Branca) sejam tão completamente doidos, a ponto de, apesar de tudo, tentar, mesmo assim, esse tipo de operação?
Francamente, eu não responderei “não”. Admitirei que, sim, é possível que sejam completamente doidos.
Mas, como gosto de lembrar a todos, ser possível NÃO É o mesmo que “provável” e é dramaticamente diferente de “já demonstrado”.
Em conclusão:
1. Até aqui, só temos especulações e palpites.
2. Também sabemos que, independentemente de o quanto efetivo para o bem/para o mal seja o vírus SARS-CoV-2, usar QUALQUER arma de destruição em massa é fantasticamente perigoso, seja politicamente seja militarmente.
3. E não sabemos de nenhum caso moderno de ataque bem-sucedido por bioarma (bactérias e esporos são bastante diferentes, desse ponto de vista).
Agora, um pedido que faço a todos os comentaristas:
Dado que discutimos ad nauseam os aspectos biomédicos do SARS-CoV-2 , paremos um pouco, e nos dediquemos a discutir SÓ as implicações políticas e militares de algum uso deliberado do SARS-CoV-2 contra a China (ou contra qualquer outro país).
Há mais duas coisas que quero partilhar com vocês.
Primeiro, procurei o tuíto do funcionário chinês que declarou que o SARS-CoV-2 poderia ter vindo dos EUA. Acho que é esse (aqui traduzido do ing. e imagens adiante:
Lijian Zhao Março 12
Dediquem alguns minutos a ler mais um artigo. É tão surpreendente que mudou muitas das minhas crenças. Por favor retuítem, para que mais pessoas sejam informadas
Coronavírus da China: atualização chocante. Será…
A mídia ocidental rapidamente divulgou a narrativa oficial para o surto do COVID-19 que (…) globalresearch.ca
Lijian Zhao Março 12
Artigo muito importante para cada um de nós e para todos nós. (…) Mais provas de que o vírus teve origem nos EUA. Divulguem (…)
Os tuítos fazem referência a esse artigo, de GlobalResearch.
E GlobalResearch, por sua vez, faz referência a um artigo de GlobalTimes
O último artigo citado cita o website ChinaXiv (acho que seja isso!).
Significa que o que se tem aí é um funcionário chinês, referindo-se a um veículo canadense que cita uma fonte chinesa que baseia as próprias informações no que diz um website claramente próximo do governo chinês.
Ora, diferente de muita gente no ocidente, eu confio infinitamente mais no governo chinês do que em QUALQUER dos regimes ocidentais. Mas até eu estou vendo que a campanha para culpar a China passou completamente para outro nível, tão logo começou o pânico em torno do SARS-CoV-2. Nesse momento, os chineses passaram a ter grande interesse político em apontar o dedo na direção dos EUA.
De fato, na minha opinião, NENHUM governo deseja ser acusado de ter gerado esse mais recente desastre, e o dedo acusador não vai parar, sobretudo se algum político norte-americano morrer por complicações respiratórias.
Outra coisa que inevitavelmente crescerá é o pânico.
Até aqui, morreram relativamente poucos no Ocidente, mas a maioria dos especialistas concordam em que essa crise está longe de superada, especialmente não na União Europeia e nos EUA, onde a epidemia ainda é rampante. Nesse momento, o público em geral no Ocidente faz-me lembrar o sujeito que cai de um arranha-céu e, ao passar pelo 10º andar, pensa “Até aqui, tudo bem”.
Amigos, a coisa VAI PIORAR, mesmo que só 1-2% dos infectados morram. Amaldiçoo ambos, Merkel e Jonhson, mas, comparados ao “maior Idiota-em-Chefe agitador de bandeirinhas na galáxia”, aqueles dois passam quase como políticos honestos (pelo menos e exclusivamente nesse caso).
Por fim, quero postar entrevista extremamente interessante, divulgada pela versão russa de RT, em que fala o professor e Pneumologista Sênior Chefe da Federação Russa, Aleksandr Chuchalin. Essa entrevista é EXTREMAMENTE interessante e contém uma riqueza de informações importantes, nas quais estou pronto a confiar completamente, considerada a fonte. Problema é que a entrevista só existe em russo.
Aqui vai meu pedido especial a todos os falantes de russo: se puderem, por favor ou (1) encontram a entrevista em inglês, talvez simples transcrição; ou (2) por favor traduzam e postem a tradução na seção de Comentários (ou mandem para mim, e eu posto?). Se não puderem absolutamente traduzir, postem pelo menos um resumo dos pontos mais interessantes? Pode ser?
Gostaria de fazer eu mesmo, mas estou realmente exausto, e, além do mais, há muitos termos médicos que realmente não compreendo. Minha esposa entende disso, mas ela também está exaurida. Por isso peço ajuda a vocês (ребята – если честно, то просто сил нет, помогите если можете!).
Por hoje é isso.
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ATUALIZADO PELO SAKER, NO BLOG
Saí de casa por menos de duas horas, e quando volto encontro espantosos 18 comentários interceptados pelos moderadores do Blog. 18 comentários interceptados em menos de duas horas é recorde absoluto. Ainda mais eloquente é que todos esses comentários têm duas características:
1. Todos os comentários interceptados violam diretamente o que pedi NESSE postado (são por tanto violações ‘na cara dura’)
2. Todos os comentários interceptados foram corretamente interceptados pelos moderadores, e concordo com quem os interceptou, em todos os casos.
Isso me diz que os trolls (sejam pagos ou sejam vítimas de lavagem cerebral pelos agentes ativos na mídia sionista) foram postos EM CAMPO e que ‘alguém’ por aí está muito incomodado com o meu ceticismo sobre o vírus SARS-CoV-2 ter sido ataque deliberado por arma biológica. MUITO BOM! Significa que estou fazendo o meu trabalho (que pode ser descrito como “expor e despachar” trolls”).
Mensagem aos moderadores: Vocês fizeram trabalho SOBERBO – por favor continuem a “defender o forte”, digo, nosso forte intelectual. Não há dúvidas de que estamos sob ataque de trolls (como temos estado já há bastante tempo), e a única coisa que resiste entre eles e o restante de nós são VOCÊS. Assim sendo, não se deixem abalar com conversa fiada sobre alguma “censura”. A frustração deles é reflexo da efetividade do trabalho de vocês!
Mensagem aos trolls: Achem aí algum website “aberto” (dito “não moderado”) e deem livre curso às frustrações de vocês contra o Saker Blog. Aqui, vocês não entram.
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